13/05/2011

à Leda

Minha irmã, que simpatiza com o futebol, mas não é exatamente uma grande doutora no assunto, declarou, depois da vitória do Corinthians, nos pênaltis sobre o Palmeiras, que não compreende como eu posso celebrar um resultado que, apesar de positivo, veio após uma apresentação pífia do elenco alvinegro em contrapartida a uma bela atuação dos palmeirenses. Digo que não só comemoro a classificação, mas também comemoro a classificação obtida nessas situações, ou seja, jogando mal, na casa do adversário e contra um arqui-rival que claramente foi  superior e que merecia a vitória. Neste caso, o orgulho vem à tona, e qualquer noção prévia sobre humildade é esquecida, e dá lugar a uma série de zombarias. A soberba de ter um discurso consistente, baseado em fatos (como o fato de que o Corinthians é finalista) em contraposição a uma argumentação abstrata, interpretativa (como dizer que o Palmeiras foi melhor em campo), é deliciosa, e é errado criticar quem se delicia com ela. Nem os roubos do juiz, nem as reclamações do Felipão, nem as críticas dos críticos mudam o fato de que o Palmeiras foi eliminado. Nada muda este fato. Enquanto que a atuação dos dois times, o critério do árbitro, a sorte de um, o azar do outro; todas estas observações estão submetidas ao duro olhar dos analistas e dos torcedores. Uns dirão que os cartões foram mal aplicados, outros, que o jogo foi perfeito. Mas nenhum dirá que o resultado foi outro, que as televisões mentiram para ter mais IBOPE, que todos os torcedores presentes no pacaembu se enganaram, que os de verde na verdade eram os corintianos tentando pregar uma peça. No final, o Corinthians venceu, e qualquer "vocês não jogaram nada", "o jogo foi um roubo" e "o paulistão é fácil, quero ver no brasileiro" pode ser respondido com um simples "quem está na final?".

2 comentários:

  1. É uma discussão interessante. Ainda que no futebol seja mesmo indiscutível a lógica de que "o que ganha jogo é bola na rede", convenhamos, fora dos campos isso não deve prevalecer. Valorizar os resultados acima de tudo tem sido uma das características perversas desse mundo chato em que vivemos. Sua irmã, não sendo torcedora, tem certa razão de não compreender a alegria dessa vitória corintiana.

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