21/05/2013

o futebol não vive de títulos, o futebol vive de Corinthians.

Para muitos, o sucesso do esporte se fundamenta no sucesso do clube/time/esportista, ou seja, nos títulos conquistados. Bolt é o homem mais rápido do mundo por ter ganhado todas as medalhas, Schumacher é o melhor por ter vencido mais mundiais da Fórmula 1, o Dream Team de basquete dos EUA é o maior por ter mais títulos olímpicos, os Quenianos são os mais resistentes por terem conquistado mais maratonas. Agora, quem pode dizer qual é o melhor clube de futebol da história? O Real Madrid, por ter mais troféus da Champions League? O Santos de Pelé, por todo o seu brilhantismo? Eu digo, é o Corinthians. 

Em qualquer espetáculo, o público dá valor à entrega dos protagonistas, à devoção por aquilo que fez reunir a multidão. Se há entrega por parte dos artistas, há apoio por parte do auditório. Domingo fui ao show do Criolo e o que observei (e que acabei por me juntar) foi essa troca, crua, ingênua e verdadeira entre cantor e platéia. As palavras de revolta, impulsionadas por um arranjo eclético e contagiante e por uma nítida demonstração de amor e identificação por parte do músico para com seus ouvintes, transformou a praça Julio Prestes num caldeirão, que transbordava e borbulhava alegria e energia. É nesses casos que a história se inverte e os papeis trocam de mão. O artista passa então a ser o público, que contempla o verdadeiro espetáculo, que vem das arquibancadas/ruas/praças. É nesses casos que se revela a verdadeira essência da arte, quando os seus supostos espectadores a tomam para si e a transformam em seu próprio legado. 

O futebol se tornou arte no último dia 15 de maio, quando o Corinthians foi eliminado da Libertadores por um fraco Boca Juniores, diante de um Pacaembu lotado. Ao final do jogo, a torcida gritava mensagens de amor e cantava o hino do clube. Se, há sete anos, essa mesma torcida invadia violentamente esse mesmo estádio, após uma mesma eliminação, diante de um argentino, fora para passar uma mensagem, de que "nós não aceitamos esnobes e frouxos". A mensagem foi ouvida e o clube aceitou sua eterna missão. Os jogadores deveriam ser o público e dar o máximo para apoiarem e inflamarem aqueles que sempre os apoiaram. Ao final do jogo, não havia tristeza, lamentação, mágoas ou rusgas, havia sim uma total entrega dos torcedores, que, cantando, enviavam uma nova mensagem ao time e ao mundo, de que "aqui, no Pacaembu, quem manda somos nós, nós somos o futebol".   




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