01/08/2011

Inspiração

Muitas pessoas perguntam a segundos, terceiros, quartos, de onde vem a inspiração. Sendo eu uma dessas pessoas, não serei capaz de lhes responder essa pergunta. Mas hoje vivenciei tantas experiências, tão ecléticas e dissonantes entre si, que agora, às 22:48, posso dizer que vivo um particular momento de inspiração. Se bem me lembro, neste dia que começou às 5:55 da manhã, despertei ao som de Led Zeppelin, fui de carona até o cursinho, onde refleti sobre química, geografia, matemática, biologia e física. Mais tarde, assisti a um filme de suspense, seguido de uma caminhada até minha casa, onde recebo a notícia de que minha mãe realizou uma enorme pesquisa investigativa com o fim de descobrir o paradeiro de um namorado da minha avó, dos tempos de Auschwitz. Por fim, li dois textos maravilhosos sobre o jogo entre Santos e Flamengo e só então canalizei estas forças inspirativas neste post.
A inspiração, portanto, pode ser vista como uma espécie de sonho, no qual os ocorridos e refletidos de um dia são fundidos numa grande massa, cujo resultado final, muitas vezes, é incompreensível ou simplesmente estranho. Deus sabe o que aconteceu nas vidas de Neymar e Ronaldinho antes deste jogo para que seus sonhos, suas inspirações produzissem um resultado tão fantástico. Mas ao que quer que tenha acontecido, sou grato por isso.
Até agora não vi o jogo. Enquanto ocorria, segui os lances por escrito, enquanto via alguns vídeos com momentos marcantes, como o terceiro gol do Santos, de Neymar. Para nós, mortais, é inconcebível sequer pensar em executar uma finta como aquela em tamanha velocidade. Neymar parou o tempo por um segundo, rolou a bola do pé direito para o esquerdo que, com um leve toque, empurrou a bola para a frente, à esquerda do marcador, enquanto seu corpo continuava sua trajetória curvilínea, dando a volta pelo zagueiro e encontrando a bola nas costas do próprio. Uma meia lua impecável, inovadora. A única reação do flamenguista após o lance foi abrir os braços em sinal de "o que acabou de acontecer?". Coisa de sonho.
E da mesma maneira, como é possível que no mundo das coisas alguém tenha a frieza de - no segundo tempo, fora de casa, com a responsabilidade de ser o craque do time, perdendo por 4 a 3 - cobrar uma falta rasteira, enganando barreira e goleiro para empatar o jogo (e mais tarde virá-lo)?
Inspiração traz inspiração e tomara que este jogo, que foi um autêntico sonho, sirva de luz para os que restam neste campeonato e nos próximos, para que o futebol brasileiro possa reaver seu posto de rei do futebol.