27/05/2011

gol do pet

"O árbitro contou a distância da falta, os 9,15 m da barreira, e ninguém tentou cortar um pouquinho o pensamento do jogador. Se um tenta agredir a bola, aí o árbitro vai mandar voltar. Depois um outro agride, ele vai dar cartão, mas que se dane! Se agride o time todo, ele não ia mandar repetir. Mas isso é futebol." (Joel Santana, técnico do Vasco na decisão).
É impressionante como o mundo contribui para que só um golaço de falta na gaveta aos 43 do segundo tempo, possa fazer com que o Flamengo seja campeão. O jogo poderia se desenrolar de muitas formas, o Vasco poderia confirmar seu favoritismo e sua vantagem aproveitando as chances perdidas; o Flamengo poderia ter se resguardado melhor para não levar um gol e não precisar do terceiro. Mas o futebol pede, clama, implora pelo terceiro gol. E vindo de um jogador que não tinha recebido o salário do mês, que tinha rusgas com diversos jogadores e com parte da torcida. 
O futebol é feito de detalhes inexplicáveis, que em qualquer ocasião que não a do jogo, ocorreriam de forma completamente diferente. O chorado gol de Basílio no título paulista do Corinthians, em 77; o frango de Rogério na final da Libertadores em 2006; a bola que triscou a trave mas não entrou, no drible da vaca mais fantástico da história (feito pelos pés do Rei). O fato de o detalhe ser um fator tão decisivo é um dos marcos do futebol. Em outros esportes, o detalhe também existe, mas só no futebol, talvez pela escassez de pontos, em relação aos outros esportes (como no basquete,  ou no vôlei, ou no handebol, nos quais centenas de pontos são marcados por jogo, enquanto que uma partida de futebol é muito celebrada quando três ou quatro gols são marcados), o detalhe é tão significativo e tão recorrente. 
Este gol, de Petkovic, nunca mais ocorrerá novamente. Nem mesmo se um jogador, tão habilidoso quanto o sérvio, cobrasse uma falta à mesma distância do gol, com a mesma força, na mesma direção e ela caísse no mesmo lugar. Não seria a mesma coisa. Este gol é uma pintura, uma obra de arte: não importa o número de cópias, o original sempre será único. E o mesmo ocorre com qualquer golaço, com qualquer título, com qualquer tragédia. São todos momentos antológicos e inesquecíveis, resultantes de peculiaridades ínfimas por si só, mas gigantescas pelo que representam.  
A bola viajou, em câmera lenta. Uma imagem fantástica, divina. Cinqüenta mil mãos estendidas no ar, controlando o seu curso. Uma mão a menos e aquele toque do goleiro mudaria o seu destino.

25/05/2011

paixão x ponderação

No mundo há dois grandes grupos de pessoas, aqueles que se mantém de pé durante uma partida inteira, gritando, cantando e xingando e aqueles que, no calor do jogo, não movem sequer um músculo e, estáticos soltam um comentário, frio e preciso sobre o mau posicionamento do terceiro zagueiro ou sobre a falta de cobertura do lateral esquerdo.
Para os primeiros, românticos e apaixonados, não importa o que aconteça, o seu time sempre está sendo roubado. Se o atacante cai na área, é pênalti indiscutível e se o mesmo ocorre com um adversário, nada deverá ser marcado, foi simulação clara. Qualquer atitude do juiz que não corresponda a estas marcações é trapaça, bandidagem, máfia, realizada por um árbitro corrupto que se vendeu ao adversário, que, por sua vez, mostrou mais uma vez suas atitudes deploráveis ao subornar um juiz na cara dura. Para este torcedor, a vida é uma catástrofe e existem apenas dois refúgios para tanta mágoa, um bar e um estádio. No estádio, os xingamentos escandalosos, os cânticos monumentais, as tempestades que o encharcam dos pés à cabeça (para ele, estar debaixo da chuva é um sinal de devoção, de força) o consolam como uma cachaça o faria e todas as dores são afogadas por manifestações exageradas de paixão.
Para os outros, os céticos, o jogo deve ser analisado, não chorado. Este torcedor, por maior que seja sua paixão pelo clube, possui olhos críticos e julga o que acontece no gramado com classe e imparcialidade. Para ele, um juiz pode estar corretíssimo ao marcar um pênalti para o adversário, ou muito equivocado numa marcação favorável ao seu time. Não acha certo que o árbitro seja chamado de ladrão ou um atacante de mercenário, afinal, é um absurdo xingar uma pessoa de bem com nomes tão ofensivos, já que qualquer um está sujeito a falhas. Suas ponderações são sempre precisas e corretas. Torcer, para ele, significa apontar os erros e elogiar os acertos. Os adeptos deste grupo, aliás, não deveriam se chamar torcedores, mas sim, comentaristas.
Eu, particularmente, prefiro os erros apaixonados.
 

23/05/2011

o melhor campeonato do mundo

Neste fim de semana começou o melhor campeonato do mundo, o brasileiro. Alguns, tolos, afirmam que o brasileirão é fraco por não ter grandes craques, como na Europa. Outros dizem que a falta de grandes jogadores é o menor dos problemas, que a estrutura de diversos estádios e os erros de arbitragem fazem desta liga uma das piores do planeta. Não discordo destas afirmações, mas discordo do ponto em que são vistas como negativas.
As ligas inglesa, italiana, francesa, espanhola e alemã são caracterizadas por abrigarem jogadores de destaque mundial, por possuírem estádios de última geração, nos quais milhares de torcedores têm grande prazer em assistir seus clubes - ricos e poderosos e que pagam seus atletas em dia - praticarem um futebol quase isento de violência ou pênaltis roubados; enquanto desfrutam de um lanche saboroso e de um clima agradável nas cadeiras numeradas. Certamente, tais qualidades são fruto de uma federação esportiva bem organizada, que suporta a união entre as equipes de seu país, que por sua vez, possuem ótimos contratos de imagem e de patrocínio.
É inegável o fato de que um campeonato tão bem articulado e estruturado seja um deleite para os olhos de qualquer espectador. Mas, como sempre, a perfeição é chata.
A graça de uma liga européia está na habilidade de alguns jogadores; a graça da brasileira está em tudo. O torcedor pode escolher se revoltar contra a diretoria, técnico, jogador, cartola, agente, patrocinador, televisão, ou simplesmente, presidente(a) da república. É empolgante acessar um site ou ler uma matéria esportiva, porque a decadência é excitante. Por outro lado, em qualquer partida temos jogadores que se sobressaem, que quebram expectativas e que nos lembram dos grandes do passado. O campeonato brasileiro não tem dois ou três favoritos; tem dez, ou mais. A primeira rodada, neste último fim de semana, é emblemática. Em dez confrontos, tivemos quatro triunfos de visitantes, gritos de "burro" por parte dos tricolores cariocas, favoritos perdendo para times como Atlético-GO e Figueirense, redenção de equipes até ontem muito criticadas e o renascimento do potencial melhor jogador do país. Em dez confrontos, apenas um empate. Tensões divididas entre todos os jogadores e todos os torcedores de todos os times. Rivalidades acentuadas, emoções inflamadas, começa o melhor campeonato do mundo (e com vitória do Corinthians)!

21/05/2011

ambiguidades

A principal qualidade do futebol, em termos literários, é a sua riqueza de ambiguidades. Em qualquer aspecto futebolístico, do goleiro ao centroavante, do técnico ao presidente, da torcida às pichações; este esporte está repleto de paradoxos, que o fazem uma matéria muito interessante de ser estudada.
Anteriormente, mencionei algumas das ambiguidades da posição do goleiro. Por um lado, foi designado à posição e, como qualquer outro jogador, casualmente falha; por outro, guarda a região decisiva do duelo, sendo assim, uma falha necessariamente abre o caminho para uma eventual derrota. O que abre a questão: um goleiro pode falhar? E caso possa, por que a torcida o condena em qualquer falha, enquanto assiste passivamente a dezenas de gols e dividas perdidas no meio de campo?
Outros paradoxos se apresentam até mesmo fora de campo. Um deles segue o rumo tomado pelo futebol. Com o desenvolvimento capitalista, consumista, a tendência do futebol é a de acompanhar o sentido adotado por qualquer outra empresa, que é o da elitização em prol da lucratividade. Podemos enxergar este processo como natural e produtivo, em vista que, com mais capital inserido no esporte e em seus diversos meios (como estádios, museus, centros de treinamento, clubes, entre outros), o desenvolvimento destes setores cresce muito, o que traz um grande avanço do ponto de vista publicitário e de aprimoramento físico dos jogadores. Mas um maior investimento significa uma maior necessidade de retorno de dinheiro por parte dos consumidores deste produto (do futebol), os torcedores. Com estádios mais estruturados e tecnólogicos e com os altos valores que circulam dentro do meio futebolístico, o torcedor é obrigado a pagar mais caro pelo ingresso. E isso nos traz ao ponto em que a elitização (não só do futebol, mas de qualquer setor afetado por este processo) impõe uma barreira àqueles que não têm meios de pagar pelo serviço e, no caso do futebol, impede que uma grande massa de torcedores (que aliás, por diversas vezes, são mais devotos aos clubes do que os próprios freqüentadores dos estádios) compareça aos jogos, que muitas vezes não são transmitidos para a TV aberta. Ou seja, a elitização, embora traga um grande desenvolvimento para o futebol; faz com que milhares de pessoas sejam incapazes de assistir à uma partida do seu time de coração.     
Diversos outros pontos deste esporte tão brilhante em sua simplicidade, são riquíssimos em divergências como estas, e o que tentarei fazer, ao menos daqui em diante, é tratar destas questões para tentar, eventualmente, encontrar uma explicação, quando não somente explicitá-las com o intuito de deliciá-los com tão magnífica fonte literária.

16/05/2011

derrota


Ao fim dos 49 minutos, eu chorei. Estava em casa, sentado, meu pai ao meu lado, minha avó na poltrona. Perdi completamente o controle sobre meus instintos e comecei a golpear, violentamente, o sofá, como uma criança, que desconta no brinquedo a dor de não ganhar um doce. Só lembro de minha avó, típica Idishe Mama, reclamando da minha infantilidade; e de meu pai, reclamando dela por seu ceticismo. Naquele momento, não havia nenhum pai, nenhuma avó, nenhuma reclamação, nenhum sofá. Havia a tristeza, como nunca tinha sentido. Era algo indescritível, uma dor interminável, alimentada pelo pensamento de que ela só aumentaria nos próximos dias, com o contato do mundo não corintiano. Na vida, assim como no futebol, a dor é recorrente. Mas apenas no futebol os amigos existem para agravar essa mágoa, já que muitos deles não torcem para o mesmo time.
A derrota no futebol é pontual e permanente. Por um lado, ela existe apenas no pós-jogo. O time perdeu. Ponto. Acabou. Mas qualquer torcedor sabe que o revés nunca será esquecido pelos rivais e a iminência dessa situação aumenta em muito a dor do resultado negativo. Aliás, em diversas oportunidades, senão na maioria delas, a aflição de imaginar o que esperar no dia seguinte é maior do que o sofrimento pela derrota em si. Sendo assim, a tristeza, nas palavras de Tom Jobim, "não tem fim", na medida em que qualquer torcedor adversário, na primeira oportunidade que tiver, irá relembrá-lo da derrota. No caso de uma dor tão intensa, como no caso de um rebaixamento, o amigo deixa seu posto de apaziguador, toma o papel de carrasco e o tortura, deixando evidente que a derrota aconteceu, foi real. Ao contrário de uma situação em que a dor é quase tão grande (como num terremoto que destrói sua casa ou numa queda que o deixa paralítico), na qual o amigo se esforça para que a ocorrência seja esquecida, como se nunca tivesse acontecido.

14/05/2011

frango

Desde a mais tenra idade, até meus dezessete anos, eu fui goleiro. Aos que pouco me conheciam, dizia que tinha escolhido a posição por conta própria, devido a minha altura privilegiada. Aos que me conheciam mais a fundo, não havia o que fazer, senão baixar a cabeça, acatar a ordem de todos presentes em quadra e rumar para meu fatídico e injusto posto entre os postes. Ser goleiro, no colégio, é uma humilhação. É resultado de uma decisão grupal, unânime de que você irá atrapalhar o time caso fique em outra posição. Significa um golpe mortal na auto-estima de uma criança, que tem que admitir a si mesma que o futebol não é o seu forte, e que seus colegas estão realizando um grande ato de caridade ao deixá-la, ao menos, jogar no gol. Melhor do que não jogar. O problema é quando vem o frango. Ora, por que deveria esta criança ouvir as reclamações dos amigos pelo gol humilhante, quando foram os próprios camaradas que o elegeram para esta posição, sabendo de suas limitações. Se o pobre garoto não seria bom no ataque, na armação ou na defesa, o que faria dele um bom arqueiro? Afinal, por um lado, estar no gol, significa não estar na linha, ou seja, não há a possibilidade de atrapalhar um companheiro; mas por outro, significa estar na guarda do ponto mais cobiçado pelos atacantes. Não seria burrice, portanto, colocar um rapaz desprovido de agilidade e técnica num local tão crucial? Não importa. Garotos como este sempre existirão. E sempre que sofrerem um frango, serão dolorosamente castigados por seus colegas. Já no futebol profissional, o goleiro não é mais aquele que não sabe jogar; mas sim um jogador treinado, capacitado, que tem na agilidade, no reflexo e na coragem, seus pontos fortes. Ainda assim, pode-se fazer uma analogia entre aquele pobre garoto e o goleiro de uma grande equipe. Bem ou mal, o arqueiro não está na área adversária porque não sabe fazer gols; não está no meio campo porque não sabe passar a bola; não está na defesa, por não ser tão forte. No final das contas, ele está debaixo das traves por decisão do grupo e dele mesmo.
Quando um atacante perde um gol, ouve um "UUH", mas logo acompanhado de aplausos e gritos de apoio. Quando um goleiro sofre um frango, é duramente e injustamente castigado pelos milhares de torcedores, que não irão pensar em todas as dificuldades de guardar um posto tão ambíguo, que por se encontrar na extremidade do campo se trata do local menos percorrido pelos jogadores, mas que por isso mesmo representa um símbolo de vitória, um prêmio àquele que conseguiu atravessar o mar de zagueiros e volantes para, gloriosamente, receber o seu troféu no ponto final de uma jornada épica. Se esta conquista foi alcançada através de uma falha do goleiro, méritos ao cavaleiro, que venceu a batalha; e fogo ao guardião insolente, que não exerceu seu papel de forma satisfatória e, por isso, merece ser punido. Como sempre, o mocinho, o goleador, foi nomeado o grande salvador, enquanto que aquele que foi ferido por tão nobre lutador, é o eterno malfeitor, simplesmente por ter se deixado ferir.
O frango é uma fatalidade, causada pela bola molhada, pelo ar rarefeito. Mas não importa o quanto um goleiro seja bom, o quanto faça defesas milagrosas; no momento em que frangar (e este momento sempre irá existir), será vaiado e xingado pelos espectadores daquela partida e será sempre marcado como o grande culpado pela derrota.

13/05/2011

à Leda

Minha irmã, que simpatiza com o futebol, mas não é exatamente uma grande doutora no assunto, declarou, depois da vitória do Corinthians, nos pênaltis sobre o Palmeiras, que não compreende como eu posso celebrar um resultado que, apesar de positivo, veio após uma apresentação pífia do elenco alvinegro em contrapartida a uma bela atuação dos palmeirenses. Digo que não só comemoro a classificação, mas também comemoro a classificação obtida nessas situações, ou seja, jogando mal, na casa do adversário e contra um arqui-rival que claramente foi  superior e que merecia a vitória. Neste caso, o orgulho vem à tona, e qualquer noção prévia sobre humildade é esquecida, e dá lugar a uma série de zombarias. A soberba de ter um discurso consistente, baseado em fatos (como o fato de que o Corinthians é finalista) em contraposição a uma argumentação abstrata, interpretativa (como dizer que o Palmeiras foi melhor em campo), é deliciosa, e é errado criticar quem se delicia com ela. Nem os roubos do juiz, nem as reclamações do Felipão, nem as críticas dos críticos mudam o fato de que o Palmeiras foi eliminado. Nada muda este fato. Enquanto que a atuação dos dois times, o critério do árbitro, a sorte de um, o azar do outro; todas estas observações estão submetidas ao duro olhar dos analistas e dos torcedores. Uns dirão que os cartões foram mal aplicados, outros, que o jogo foi perfeito. Mas nenhum dirá que o resultado foi outro, que as televisões mentiram para ter mais IBOPE, que todos os torcedores presentes no pacaembu se enganaram, que os de verde na verdade eram os corintianos tentando pregar uma peça. No final, o Corinthians venceu, e qualquer "vocês não jogaram nada", "o jogo foi um roubo" e "o paulistão é fácil, quero ver no brasileiro" pode ser respondido com um simples "quem está na final?".

09/05/2011


Foi descoberta a proliferação do vírus titenias retranquíades nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. O vírus transmite a doença da empatite através do mosquito volantinóide, que se aninha, principalmente, em campos de futebol. A doença pode causar: perda parcial ou total de determinadas funções cerebrais, danificando o setor da criatividade; desanimo; retardamento das reações motoras e paulatina perda de visão, entre outros efeitos colaterias. O foco da doença se encontra entre os bairros da Pompéia e do Pacaembu e já foi confirmada em quase todos os jogadores do Sport Club Corinthians Paulista e da Sociedade Esportiva Palmeiras. Foi localizada também no bairro do Morumbi e em cidades como Santos e Campinas. Mas o estado mais atingido pela doença é o Rio de Janeiro, onde foram encontradas diversas vítimas, principalmente nos bairros do Flamengo, Botafogo, Laranjeiras e São Januário. Ainda não foram encontradas curas para a empatite, mas a cidade de Curitiba apresenta uma parcial imunidade à proliferação do vírus. Observações estão em processo nesta região para determinar a causa da imunidade. Neste meio período, estuda-se manter as equipes afetadas pela doença em estado de quarentena, para que não haja o risco de contaminação em massa. Casos de desânimo e falta de disposição já foram registrados em diversos torcedores dos clubes que mandam suas partidas nos estádios próximos aos bairros citados. Como forma de proteção, recomenda-se manter distância das áreas mais afetadas.          

(ilustração: Caco Bressane)

08/05/2011

uma semana atípica

É interessante como alguns fenômenos, completamente atípicos e inusitados são facilmente esquecidos em questão de alguns dias. Esta semana que está terminando é emblemática, considerando a frase anterior. O casamento do príncipe inglês, a morte de Osama, a liberação da união homossexual; estes eventos contribuiriam para fazer desta semana, em tese, uma semana memorável, mas que, na prática, não a distinguem de nenhuma outra, já que a morte de Osama não aparece mais nos noticiários, as roupas do casamento do príncipe já devem estar fora de moda e os homossexuais não têm motivo para fazer barulho. As informações existem num número tão excessivo, que no fim nenhuma realmente importa. Mas, como sempre, o futebol contraria as estatísticas e deixa sua marca na mente das pessoas, que facilmente esquecem da morte do maior terrorista da década, para caçoar do amigo palmeirense. Amigo que tem motivos de sobra para ser caçoado, afinal, seu time foi exterminado pela equipe mais surpreendente do Brasil, o Coritiba. Assim, decreto que o porco se junta a times como Real Madrid, no grupo dos que assistirão o futebol pela telivisão, afinal, para quem não se lembra, a equipe merengue foi eliminada pelo Barcelona num confronto que finalizou uma épica sequência de quatro clássicos em duas semanas. Grupo que ganhou quatro integrantes ilustres, numa quarta-feira tenebrosa para o futebol brasileiro na libertadores. Integrantes que decidiram estaduais no fim de semana. Estaduais, como o paulista e o gaúcho, que ainda não conhecem seus campeões, diferentemente do carioca, vencido pelo Flamengo. Flamengo que finalmente foi derrotado, pelo Ceará, depois de inacreditáveis 32 jogos de invencibilidade e de futebol mau jogado. Invencibilidade ainda mantida pelo Coritiba, que atingiu a marca de 24 vitórias consecutivas ao golear o Palmeiras por 6 a 0.
Bem ou mal, faço parte do grupo de pessoas que facilmente se esquecem dos eventos que ocorrem durante a semana, mas que guardam os acontecimentos futebolísticos bem fundo na memória (vide o fato de que a quantidade de ocorrências futebolísticas, neste post, supera em muito o número de acontecimentos não voltados ao futebol). Bem ou mal, isso mostra que minha curiosidade e afinidade por futebol é muito maior que por mortes e casamentos.

05/05/2011

dá-lhe verdão!

Por poucas vezes fiquei tão contente com uma vitória alvi-verde como fiquei hoje. Acredito que nunca, na verdade, fiquei realmente feliz numa ocasião como essa. Mas hoje sim, o glorioso alvi-verde alegrou minha noite  ao bater seu adversário. E de maneira alguma me envergonho de celebrar esta oportunidade, já que tenho certeza da companhia de todos os corintianos. Fato é, que uma derrota alvi-verde, me deixaria muito triste, melancólico. Virei a casaca? Enlouqueci? Talvez, mas não deixo de rever o vídeo da fantástica vitória deste grande time do futebol brasileiro, que já encantou o país ao proporcionar uma série impressionante de vitórias. Que se dane, grito aos céus, com amor no coração, dá-lhe verdão glorioso, encante e surpreenda o mundo ao destruir seu adversário. Grito agora (e até semana que vem), dá-lhe coxa branca, o grande alvi-verde paranaense! Dá-lhe Coritiba!

04/05/2011

uma data histórica

30/08/62; 11/09/63; 30/07/76; 23/11/81; 28/07/83; 17/06/92; 26/05/93; 30/08/95; 13/08/97; 12/08/98; 16/07/99; 14/07/05; 16/08/06; 18/08/10 e, por fim, 04/05/11.
Todas estas datas representam momentos históricos do Brasil na Libertadores. Praticamente todos, 99% deles são momentos de alegria de times como Grêmio, Cruzeiro e Internacional. Mas um deles, o último, também conhecido como hoje, certamente é uma das datas mais tristes para o futebol brasileiro. Neste fatídico dia, Internacional, Cruzeiro, Grêmio (os mesmos que comemoraram anteriormente? Sim, os mesmos) e Fluminense foram eliminados da Taça Libertadores por Peñarol, Once Caldas, Universidad Católica e Libertad. Uma noite digna de luto para o futebol canarinho. Principalmente pelo fato de que todos os quatro brasileiros eram muito, mas muito, mas muito mesmo; melhores que seus adversários. Também pelo fato de que Inter e Cruzeiro jogavam em casa. Também pelo fato de que o Cruzeiro jogava o futebol mais bonito na América. Ou pelo fato de que o Inter contava com jogadores de seleções brasileira e argentina. Todos os fatos apontam para uma catástrofe para o melhor futebol do mundo. Comemorem, cariocas alvinegros e rubro-negros. Comemorem mineiros galináceos. Chorem gaúchos de todas as cores.
Torcemos então para nosso querido alvinegro praiano, o sobrevivente nessa guerra latina, digna de documentários e filmes artísticos com músicas de Jorge Drexler.
Da-lhe Peixe!

03/05/2011

os maiores do mundo

O futebol praticado pelos jogadores do Barcelona pode ser descrito com palavras como mágico, fantástico, inacreditável, inovador. Todas estão certas. A genialidade dos maiores jogadores do mundo é impressionante. desde o goleiro ao centroavante, a equipe é impecável. Valdés possui grande agilidade e personalidade. Piqué é o melhor zagueiro em atividade atualmente, é rápido, seguro, inteligente e técnico. Puyol demonstra uma raça impressionante, acompanhada por sua história no time catalão. Daniel Alves finalmente superou Maicon como melhor lateral direito do mundo, não é um grande marcador, mas é uma flecha no apoio, com toques espetaculares, especialmente para Messi. Abidal, há tempos não joga, mas é uma parede na lateral esquerda, munida de um ótimo passe. Mascherano apresenta o famoso jogo argentino, técnico e catimbeiro, com uma qualidade impressionante. Busquets, como volante ofensivo, é perfeito, quase nunca erra passes. Xavi é um maestro, que seria digno de camisa dez se ela não se encaixasse tão bem no craque argentino. É uma máquina de passes perfeitos no meio de campo, une velocidade a inteligência, técnica e chutes precisos. Sua visão de jogo encontra qualquer jogador em qualquer lugar no campo. Iniesta completa a genialidade de Xavi com mais técnica e mais ousadia, mais dribles. Villa, artilheiro nato, possui a invejável característica de sempre partir para cima e quase sempre ganhar a disputa. Pedro, símbolo de luta da equipe. Um garoto, que surgiu há duas temporadas e surpreende a todos com sua garra interminável. E, por fim, o gênio, a peça chave do time do Barcelona, aquele responsável por abrir espaços, um arquiteto dentro de campo, que cria vãos entre os zagueiros, que controla o tempo de rotação da bola e também o tempo em si. Messi possui um controle remoto no pé esquerdo, que diz à bola o que ela deve fazer.

Barcelona x Real Madrid

A sequência de quatro jogos entre os gigantes espanhóis foi incrível. mas os dois pela semifinal da champions league merecem um foco especial. Em Madrid, Mourinho lutou para fazer o time da casa barrar o Barcelona, empobrecendo o jogo, que só teve alguma luz a partir da expulsão de Pepe, que deu liberdade a Messi, que fez dois gols. Finalmente, o jogo em Barcelona foi, sem dúvida, um dos maiores que já assisti, na minha curta carreira de espectador e amante de futebol. O desafio do Real Madrid era impossível. os jogadores sabiam que era impossível, a comissão técnica sabia, os torcedores sabiam. Mas, na hora do jogo, ninguém mais parecia saber. Marcando no campo de defesa do Barcelona, os merengues encurtaram o espaço dos donos da casa (que estrelavam um palco aplaudido por 100 000 pessoas) e jogaram o desafio para eles: encontrar espaços. A pressão do Real Madrid obrigou os jogadores do Barcelona a mostrarem seu talento. E eles o fizeram, com maestria. Num piscar de olhos, o time catalão descobriu a senha do cadeado adversário e encantou a todos com quatro ataques fantásticos. O Real se perdia no jogo, salvo o goleiro Casillas, com grandes defesas. Messi começava a abusar de sua genialidade criando uma chance atrás da outra. No segundo tempo, nova tentativa de pressão merengue, novamente furada pelo Barcelona e, dessa vez, com gol de Pedro, após passe cirúrgico de Iniesta. A resposta veio rápido, numa nova joga incrível, dessa vez de Di Maria, que encanta ao tirar a marcação, acertar a trave e ainda encontrar Marcelo. O jogo seguiu extasiante, marcado pela participação intensa da torcida catalã, que vaiava, em som uníssono, o Real Madrid, quando tentava atacar e cantava, em coro, durante as investidas de sua equipe, aos gritos de olé. O jogo foi fantástico, memorável para todos que tiveram a sorte de assisti-lo.